A conquista da soberania de um time
Por Maria Angélica Carneiro

 

O melhor time é aquele em que os membros estão prontos para assumir riscos pessoais, estão preparados para lidar com conflitos e prontos para manter diálogos corajosos. Entretanto, tudo isso depende da prevalência de uma cultura de confiança e da reciprocidade em revelar informações pessoais, visando aprimorar os diálogos interpessoais e a resolução construtiva de conflitos.

 

Desta forma, podemos dizer que o time faz uma conquista de soberania sobre o seu atuar contagiante, gerando um ambiente de alta motivação para tomada de decisão, escolhas conscientes e ações impactantes.

 

A frase: “um por todos e todos por um” – o famoso juramento proferido em Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas – simboliza a essência do trabalho em time. Para eles, reciprocidade e confiança interpessoal eram questões indiscutíveis.

 

Soberania individual significa tomar a vida em suas próprias mãos, e este conceito aplicado ao time significa que soberania é a força e a capacidade de autogerenciamento que o time assume para dar rumo e direção às suas ações, às tomadas de decisão, à comunicação e inter-relacionamento de ações, e às tarefas e relacionamentos interpessoais de seus integrantes. Isto significa a força de dar rumo e direção para o cumprimento do propósito de existir do time como algo maior e norteador.

 

Assim, o grupo passa do paradoxo de “isto ou aquilo”, para o do “isto e aquilo”. Assume e negocia sobre como lidar e conviver com ele, criando naturalmente um ambiente propício para o crescimento de ideias inovadoras e insights poderosos.

 

Os paradoxos fazem parte da natureza inerente da vida em coletividade. Não adianta bloquearmos o acesso às vibrações do sistema. O movimento acontece quando as equipes se permitem viver dentro do paradoxo.

 

O coach ajuda o grupo a perceber e a nomear os padrões invisíveis que rondam o grupo para então, ao percebê-los, negociarem escolhas conscientes e mais produtivas em posse do seu papel sistêmico na organização. Um acordo de grupo em total liberdade e confiança passa a acontecer naturalmente – o principal papel do coach é tornar esta dinâmica consciente.

 

Liderança e time passam a atuar numa dinâmica situacional. A liderança concede e delega autoridade ao time e passa a fazer parte do time, e este, por sua vez, aceita a responsabilidade tomando para si o compromisso e o comprometimento de uma tarefa única – a responsabilidade de atuar na busca do propósito de existência do time através da soberania da equipe.

 

Um time soberano assume e aceita a responsabilidade de seu papel na condução de gerir suas tarefas fazendo das diferenças o seu complemento. Aborda as fontes de falhas cada vez mais rapidamente.

 

O coach de time pode atuar criando possibilidades para que o time crie, aprenda e produza resultados em um contexto de sinergia de vibração e performance. Por outro lado, dentro da organização, este aprendizado se multiplica, produz resultados em um contexto de sinergia, cujo paradoxo habita a cultura organizacional e permite um crescimento exponencial e multiplicador ativado entre times, alinhado ao novo modelo disseminado de aceleração de alta performance.