Team Coaching de times virtuais
GEORGE NECYK

Consultor e coach do EcoSocial, facilitador da formação em Team Coaching da Escola de Coaches.

 

Impossível não falar de Team Coaching no momento sem falar de times virtuais. Funciona? O que muda? Quais os cuidados para que haja sucesso?

Tal como o home-office, times virtuais de trabalho figuravam como projetos de lenta maturação em muitas organizações. Um dia a gente chega lá! Isto foi até estourar a pandemia. Então, a mudança precisou acontecer instantaneamente. O que ia levar anos aconteceu literalmente de uma hora para outra.

O que eu tenho aprendido em participar de times virtuais com meus colegas e em facilitar times virtuais de clientes é que há coisas que não mudam, quer estejamos trabalhando juntos fisicamente, quer estejamos trabalhando à distância. E, por outro lado, há outras coisas que são específicas de estarmos em um ambiente virtual.

Naquilo que é comum, o que eu notei é que, ao termos sido atirados no ambiente virtual de um momento para outro, foram realçadas as fragilidades e as lacunas que existiam nas nossas relações face-a-face. É como se o ambiente virtual amplificasse o impacto dessas carências.

Por exemplo, a falta que faz um propósito claro e compartilhado que mantenha engajado todo o grupo na tarefa. “Por que estamos aqui mesmo? Por que devo dar minha atenção a este time e não ficar olhando as mensagens no meu celular enquanto rola a conversa? Já que não estou de corpo, por que estou à distância, preciso realmente estar de alma nesta atividade.” Um propósito compartilhado faz falta tanto em um time trabalhando presencialmente, quanto à distância.

O mesmo se aplica a outras questões básicas da vida em time, tais como: “qual a expectativa de entrega desta reunião?”; e “que acordos precisamos ter entre nós para que esta entrega aconteça?” Isto vale tanto no ambiente presencial , quanto no virtual.

Além destes desafios comuns, o ambiente virtual apresenta desafios específicos. Sem a presença física, perdemos parte da comunicação não verbal. Por conta disso, a experiência inicial que as pessoas têm em times virtuais pode dar a impressão de menor produtividade em comparação com as interações presenciais.

Com o tempo, descobriu-se que o processo virtual pode ser tão efetivo quanto o presencial, se atentarmos para alguns cuidados. Cuidados que tem a ver em dar atenção às pessoas individualmente e para a interação do grupo como um todo, isto é, o campo. Exemplos de cuidados:

- Não comece direto trabalhando, mas cheque como cada um está chegando; isto supre a necessidade que o cafezinho ou a conversa do corredor proporcionava;

- Garantir que, a cada ciclo de conversa, todos tenham se manifestado, todos tenham sido ouvidos;

- Realizar pausas curtas, em reuniões mais longas, para espairecer;

- Perguntar claramente de cada um não só se há concordância, mas também como se sentem em relação às decisões que o time está tomando;

- Checar de tempos em tempos como o grupo está se percebendo como time;

- Ter um aplicativo em que as imagens de cada participante sejam projetadas na tela simultaneamente. As expressões faciais são boa parte da comunicação não verbal.

- Que, no enquadramento das pessoas no vídeo, elas arrastem suas cadeiras um pouco mais para trás, para captar não só a expressão facial, mas parte da postura do corpo, também;

- E, no final, não esquecer também de checar como cada um está saindo.



A lista de melhores práticas vem aumentando, mostrando que times virtuais podem funcionar e que, cada vez mais, será o setting para o trabalho de times e para o trabalho de Team Coaching.